O SEGREDO DO MEU IRMÃOZINHO – Parte 6

Eu olhava para meu irmãozinho Gabriel

e nosso primo Róbson com muita

raiva emanando de meus olhos. Queria
desintegrá-los em mil pedacinhos, aquelas
bichas de merda que tinham fumado e
trepado a manhã toda no rio. Durante o
almoço de domingo, além de comida em
abundância, preparada por nosso avó,

os parentes (principalmente os irmãos)

de minha mãe, também preparavam um
delicioso churrasco — era a única parte boa
naquela viagem de merda — que também
era regado a muita cerveja (para eles
adultos, claro, nós adolescentes, bebíamos
refrigerantes).

Umas horas após o almoço, estávamos
ainda todos do lado de fora da casa, perto
da churrasqueira, quando vi Gabriel se
aproximar de nossa mãe e pedir:

= Mãe, posso ir pro rio com o Róbson? A
gente tava a fim de dar uma nadada lá. —
Ele pedia, todo dengoso, minha mãe ouvia
quase se derretendo. E nossas tias sorriam,
como quem dizendo “Own”.

= Claro meu anjo, pode sim. Chame seu
irmão também. — Ela sugeriu.

Gabs deu uma olhadela para mim. Imaginei,
se eu aceitar o convite vou melar toda a
tarde de putaria daquele dois veadinhos.
Mas se eu recusar, eles vão tranquilos para
o ninho de boiolagem deles e vão foder e
fumar a tarde toda. E embora eu estivesse
me remoendo de ódio e raiva daqueles
veadinhos de merda, eu estava a fim de ver
aqueles dois desgraçados em cena de novo.
= Cóe Dinho, vamo pro rio nadar um pouco?
Vai só eue o Róbson, mas se tu tiver a fim,
vai ser maneiro com tu lá também. — Gabs

me dizia, com aquele sorriso encantador

no rosto, falso pra caralho, seus olhos
castanhos e grandes me diziam que eu tinha
que recusar para não melar a sacanagem
dele.

— Não quero ir. Valeu. — Falei entre os dentes
e entrei na casa.

Tenho certeza que minha mãe me fuzilou
com o olhar. E Gabs comemorou, com

toda certeza, em seus pensamentos

mais devassos, a minha decisão. Esperei
exatamente dez minutos após a partida
dos veadinhos e fui novamente ao encalço
daqueles gayzinhos de merda.

Me escondi no mesmo lugar, e para minha
surpresa, não estavam pelados e nem
trepando. Estavam sentados na beira do

rio, no mesmo lugar que treparam na parte
da manhã. Mas estavam ambos fumando.
O mesmo maço de Hollywood Vermelho
Clássico e o mesmo isqueiro estavam
jogados no chão, perto deles. Tanto Róbson
quanto Gabriel seguravam seus respectivos
cigarros com suas mãos direitas. Mas havia
algo mais além do cigarro. O veado de
merda, o santinho do pau oco do Gabriel, e
o filhadaputa do Róbson, seguravam com a
mão esquerda cada um, uma latinha de Skol
de 350 ml. Veados de merda, desgraçados,
estavam ali juntos fumando e bebendo
cerveja, como se fossem os maiorais. E
estavam conversando, rindo e debochando
de muitas coisas. Só fiquei observando e
ouvindo o que diziam:

— Porra, a sua mãe faz tudo pra você né? —
Róbson perguntou a Gabriel.

— Caraí véi, tudo. Eu só preciso fazer
biquinho que ela me dá tudo na moral

haha. Tá vendo meu celular? Ela não

queria comprar não, mas ai eu chorei um
pouquinho e ela comprou no dia seguinte
pra mim haha. — Gabs dizia rindo. Neste
momento, ele de uma golada na latinha de
cerveja, em seguida, uma tragada demorada
em seu cigarro.

= Porra quem dera minha mãe fosse fácil
assim. Mas ela deve ficar no seu pé o dia
todo né?

— Humm. — Gabriel engolia a cerveja —
Nada. Ela é mó tranquila comigo. E como
trabalha durante o dia, eu fico de boa. De
manhã fico em casa só jogando, enquanto
fumo um cigarrinho no sofá. Eu jogo um
“bom ar” lá e nem fica o cheiro. Quando fica
um pouco do cheiro no ar ela acha que é do
vizinho que fuma pra caralho haha. — Nova
tragada de Gabriel.

Eu bem que estranhava o cheiro ficar no

ar de nossa casa. Mesmo o pior e mais
fedorento dos cigarros não poderia deixar
tal cheiro se fumado no apartamento ao
lado. Neste momento, com os dois rindo

e debochando da minha mãe, fiquei com
muita raiva, tive vontade de sair da moita e
surrar o Gabriel.

— E o Dinho? — Róbson perguntou após uma
baforada longa de fumaça.

O que tem eu seus veados de merda?

— O que tem ele? — Gabs perguntou dando
de ombros.

— Ele nem desconfia das suas paradas seu
safado? Hehe. — Róbson perguntou com um
sorriso malicioso no rosto, seguido de uma
bebericada na cerveja.

Gabs deu uma cutucada com os dedos na
pontinha de seu cigarro, para retirar uma

longa cinza que se acumulava na ponta:

— Nem. Meu irmão é mó pela-saco, cê não
notou? Ele acha que sou uma criancinha
boba que só curte anime haha. Teve um

dia que eu cheguei em casa da escola

um pouco mais cedo e vi ele batendo

uma punheta no quarto. A porta tava meio
aberta e ele nem percebeu que eu tinha
chegado, tava ligadão no pornô que tava
vendo no computador haha. Mó punheteiro
o Dinho. Nunca pegou ninguém haha. —
Gabs debochava da minha cara sem nem
imaginar que eu estava perto, vendo e
ouvindo toda aquela merda que ele cuspia
da boca.

Anjinho do pau oco de merda!

= Haha é, percebi que ele é mó zuado
mesmo. — Concluiu Róbson.

— Haha com certeza. — Gabriel agora tragava
e soltava a fumaça com o cigarro na boca,
sem pegá-lo com a mão, e continuou
falando enquanto o fumava assim — Coé
fechamento, a gente devia ter roubado mais
umas duas latinhas, né não? Já tinha maior
tempão que eu não bebia uma cervejinha.

É foda pra conseguir lá no Rio véi. – Gabs
comentou, agora tirando o cigarro da boca e
bebendo mais um gole de Skol.

— Pô com certeza, mas se sumissem quatro
acho que os nossos tios iam perceber,
aqueles lá bebem pra caralho. — Róbson
respondeu também bebendo. — Humm…
Aqui eu descolo cerveja na tranquilidade,
todo final de semana venho pra cá com uns
chegados beber uma cervejinha e fumar um
cigarrinho hehe.

— Sorte sua manobrow. — Gabriel respondeu
terminando o cigarro e então apagando-o no
Continua…

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